quinta-feira, 18 de julho de 2013

FRAMES-INDICA – Idiocracia é uma pseudocomédia com críticas sociais

Fábio Pereira



Qual o panorama mundial atualmente? Estamos tomados por noções de consumismo exacerbado, além de um completo esquecimento dos valores morais? A preguiça, automatização mental e inteligência decadente estão tomando lugar nas situações mais fáceis de existência? As respostas, sejam elas frutos de pura percepção e entendimento do espectador, ou de afirmações vazias de personagens caricatos, são respondidas por uma pseudocomédia do ano de 2006, intitulada Idiocracia. E quando classifico essa produção de pseudocomédia, não se deve somente ao fato dela provocar poucas ou quase inexistentes risadas, mas sim às diversas críticas sociais impetradas na trama, sejam de forma subliminar ou abrupta.

Luke Wilson (de Minha Super Ex-Namorada) interpreta Joe Bauers, um militar medíocre e completamente acomodado em sua tranquila “missão” que, como um colega afirma categoricamente, trata-se de sentar numa cadeira e assistir televisão o dia inteiro. Por essa falta de perspectiva futura ele é selecionado, juntamente com uma mulher de vida fácil, Rita (Maya Rudolph, de Missão Madrinha de Casamento) para uma experiência militar ultrassecreta em que são congelados em cápsulas por 1 ano e então despertos (alguém aí se lembrou de Eternamente Jovem, com Mel Gibson?). É claro que o experimento era destinado a preservar mentes privilegiadas para um eventual futuro necessitado, mas devido à natureza incerta da coisa, os indivíduos descartáveis foram os escolhidos. E é justamente aí que a trama dá uma reviravolta. Devido a um escândalo de drogas e prostituição, a base é fechada e demolida, fazendo com que as cápsulas fiquem enterradas por 500 anos! Através de um narrador, sabemos que o mundo virou uma Democracia Idiota (daí o nome da película), onde as grandes redes de fast-food, como a rede Starbucks, estão à frente de tudo, provocando um consumismo desenfreado numa sociedade intelectualmente medíocre. Neste cenário, Joe conhece Frito Pendejo (o pouco conhecido Dax Shepard) um advogado que adora dinheiro e sexo, que topa ajudar o militar a achar uma suposta Máquina do Tempo que irá leva-lo de volta à sua época, em troca de futuros bilhões de dólares.

Completam o elenco Terry Crews (de Os Mercenários 2), como Camacho, um presidente nada convencional da nação americana, além de uma rápida aparição de Justin Long (de Pagando Bem, que Mal Tem?) como um médico vida louca.

Dirigido por Mike Judge (criador dos idiotizados personagens Beavis & Butt-Head), Idiocracia vale por ser uma lição de reflexão e crítica a uma sociedade que, pouco a pouco, vai sendo deteriorada pelo consumismo em excesso e perda de valores morais. No entanto, a trama peca um pouco por não se alongar um pouco mais na discussão da sociedade decadente.

P.S.: Há uma rápida cena pós-créditos que “explica” o paradeiro de um dos personagens.



Idiocracia (Idiocracy, EUA, 2006). Elenco: Luke Wilson, Maya Rudolph, Terry Crews. Direção: Mike Judge. 




Nota – 6 Frames

Pontuação
01 a 02 Frames – Ruim

03 a 04 Frames – Regular
05 a 06 Frames – Bom
07 a 08 Frames – Ótimo
09 a 10 Frames - Obra Prima


TRAILER

segunda-feira, 15 de julho de 2013

FRAMES-INDICA – A Morte do Demônio: remake, com terror visceral, é superior ao original

Fábio Pereira



Era o ano de 1981 quando o jovem diretor Sam Raimi – hoje conhecido pelos filmes originais do Homem Aranha, com Tobey Maguire, e mais recentemente pelo excelente “Oz – Mágico e Poderoso” – lançava nos cinemas uma produção de baixo orçamento chamada A Morte do Demônio (The Evil Dead). Numa trama, que envolvia jovens amigos isolados numa cabana na floresta, que eram possuídos por forças do mal invocadas de um livro maldito (o Necronomicon), o amadorismo dos efeitos especiais e as interpretações canastronas eram muito evidentes em todos os aspectos. No entanto, o tempo passou e o trash virou Cult, com duas continuações, no estilo “terrir”, sendo produzidas: Evil Dead II, batizado no Brasil como “Uma Noite Alucinante 2” e Army of Darkness, intitulado “Uma Noite Alucinante 3”! Nem preciso ressaltar as discrepâncias na matemática e traduções tupiniquins, mas deixando isso em segundo plano, a trilogia fez surgir um dos melhores personagens que o cinema já viu: Ash (Bruce Campbell), um herói canastrão, divertido e, acima de tudo, corajoso. Para os fãs do gênero, o último filme, mesmo sendo mais fraco que as duas primeiras partes, mostrou-se como fechamento de um ciclo e, com a idade mais avançada de Campbell, as chances de ver Ash ou uma nova história sobre o Necronomicon eram praticamente nulas. Mas eis que, 32 anos depois do original, Sam Raimi, agora como produtor, assim como Campbell, lançam, sob a tutela do uruguaio Fede Alvarez, o remake de A Morte do Demônio (rebatizado como Evil Dead nas terras ianques).

Confesso que, antes de assistir ao remake, já tinha um conceito negativo, visto que a maioria dos remakes, principalmente dos Anos 80, se mostraram verdadeiros desastres, além de totalmente desnecessários. Apesar disso, eu não poderia estar mais enganado a respeito. O novo A Morte do Demônio acerta, primeiramente, em não repetir, passo a passo, a fórmula do original. É claro que a trama é praticamente idêntica em muitos aspectos, mas se, no original um grupo de amigos, liderados por Ash, ia para a cabana isolada para fins recreativos, dessa vez, eles se dirigem ao local a fim de fazer uma desintoxicação na problemática Mia (a ainda pouco conhecida Jane Levy). Completam o novo grupo a enfermeira Olivia (Jessica Lucas, do péssimo “Cloverfield – O Monstro”), o ressentido Eric (Lou Taylor Pucci, do fraco “Vírus”), além do irmão de Mia, David (Shiloh Fernandez, do bom “A Garota da Capa Vermelha”) e sua namorada, Natalie (a também pouco conhecida Elizabeth Blackmore). Ao descobrirem um altar grotesco no porão da cabana, além de um misterioso livro que, apesar dos inúmeros avisos para não ser lido, acaba o sendo, a trama avança para o terror visceral, com uma violência visual infinitamente superior ao original, provocando calafrios e náuseas aos com estômagos mais fracos.

O único ponto negativo do novo A Morte do Demônio foi a falta da exploração da mitologia envolvendo o Necronomicon. No original, e em suas sequências, o Livro dos Mortos tinha um destaque muito maior, com o contexto histórico mais amplo, relacionando-se com a trama de maneira a dar um balanceamento ao terror. Além de perder o destaque da capa (o rosto demoníaco deu lugar a uma de couro costurada), o livro só serve para evidenciar as etapas de como deter o demônio, além de ilustrar os próximos passos da trama.

Sam Raimi e Bruce Campbell acertaram a mão nesse remake, bem sucedido nas bilheterias, que ainda conta com duas homenagens ao original: o carro abandonado em que a protagonista está sentada, no começo do filme, é o mesmo dirigido por Ash no original. Há também uma rápida, mas memorável, cena secreta pós-créditos, que não irei revelar aqui para não estragar a surpresa. 



A Morte do Demônio (Evil Dead, EUA, 2013). Elenco: Jane Levy, Shiloh Fernandez, Lou Taylor Pucci. Direção: Fede Alvarez. 



Nota – 8 Frames

Pontuação
01 a 02 Frames – Ruim

03 a 04 Frames – Regular
05 a 06 Frames – Bom
07 a 08 Frames – Ótimo
09 a 10 Frames - Obra Prima



TRAILER LEGENDADO


  

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